O que foi a Terça-Feira Negra? A crise de 1929 explicada
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O que foi a Terça-Feira Negra? A crise de 1929 explicada

Autor:Rylan Chase

Publicado em: 2025-12-09

A Terça-Feira Negra não surgiu do nada. Durante a maior parte da década de 1920, Wall Street parecia imparável: o índice Dow Jones subiu aproximadamente seis vezes, de 63 em 1921 para 381 no início de setembro de 1929, impulsionado por crédito fácil, negociações com margem e a crença de que uma "nova era" de prosperidade permanente havia chegado.


Sete semanas depois, esse sonho acabou. Na terça-feira, 29 de outubro de 1929, a venda em pânico levou as negociações a volumes recordes, dizimou bilhões de dólares em patrimônio financeiro e marcou o dia que ficaria conhecido como Terça-Feira Negra, o símbolo da Quebra da Bolsa de Valores de Nova York que ajudou a desencadear a crise de 1929.


Definição de "Terça-feira Negra"

Black Tuesday

A Terça-Feira Negra é o nome dado a 29 de outubro de 1929, o pior dia da Quebra da Bolsa de Valores de 1929. Naquele dia, os investidores negociaram cerca de 16,4 milhões de ações na Bolsa de Valores de Nova York, mais de cinco vezes o volume negociado na época.


O índice Dow Jones Industrial Average caiu quase 12% (cerca de 30,6 pontos), após uma queda de 12,8% no dia anterior. Em dois dias, o Dow Jones caiu cerca de 23%.


Estimativas da época apontavam para perdas patrimoniais superiores a 14 bilhões de dólares em um único dia, uma quantia enorme em 1929.


Para esclarecer, aquele não foi o único dia ruim da quebra da bolsa de valores de 1929. Mas foi o dia em que o pânico se instaurou com força total, e rapidamente se tornou a expressão que resumia todo o colapso.


Cronologia da quebra da bolsa de valores de 1929: da prosperidade à Terça-feira Negra

Stock Market Crash 1929

O boom dos loucos anos 20

Antes da crise, a década de 1920 parecia uma festa sem fim:


  • Entre agosto de 1921 e setembro de 1929, o índice Dow Jones subiu de cerca de 63 para 381, um aumento de aproximadamente seis vezes.

  • O PIB real aumentou aproximadamente 4,2% ao ano ao longo da década, com a produção e os lucros corporativos atingindo recordes históricos consistentes.

  • Muitos americanos investiram suas economias em ações, buscando retornos que pareciam muito mais atraentes do que os depósitos bancários.


No início do outono de 1929, já havia sinais de alerta, mas o economista Irving Fisher captou o sentimento predominante com sua famosa declaração: os preços das ações haviam atingido "o que parece ser um patamar permanentemente elevado".


Quinta-feira Negra: 24 de outubro de 1929

Data Apelido Fechamento do Dow Mudança de ponto Variação percentual (aprox.) Volume da NYSE (ações)
24 de outubro de 1929 Quinta-feira Negra ~299* Variação intradia: -11%; fechamento: -2% ~−2% de fechamento 12,9 milhões
28 de outubro de 1929 Segunda-feira Negra 260,64 −38,33 -12,8% aproximadamente 9,2 milhões
29 de outubro de 1929 Terça-feira Negra 230,07 −30,57 −11,7–12% 16,4 milhões

*O fechamento exato de quinta-feira varia conforme a fonte; o ponto crucial é a enorme oscilação intradiária e o volume recorde.


O primeiro abalo ocorreu na Quinta-feira Negra, 24 de outubro:

  • O mercado abriu com vendas em pânico e rapidamente perdeu cerca de 11%, antes que os grandes bancos interviessem para comprar ações de primeira linha e estancar a queda.

  • O volume de negociações atingiu um recorde de 12,9 milhões de ações, sobrecarregando os sistemas de pagamento eletrônico e deixando os investidores sem informações sobre os preços em tempo real.


Graças ao apoio dos banqueiros, o Dow Jones fechou o dia com uma queda de apenas cerca de 2%, mas a sensação de segurança já havia sido quebrada.


Segunda-feira Negra e Terça-feira Negra

A pressão de venda retornou e se intensificou:


  • Na Segunda-feira Negra, 28 de outubro, o Dow Jones despencou 38,33 pontos, uma perda de 12,8%, na época a pior queda em um único dia já registrada.

  • Na terça-feira negra, 29 de outubro, o Dow Jones caiu mais 30,57 pontos (cerca de 11,7% a 12%), fechando em 230,07. O volume de negociação atingiu cerca de 16,4 milhões de ações.

  • Os jornais estamparam manchetes como "Ações desabam em um único dia com 16.410.030 ações negociadas", refletindo a dimensão do pânico.


Até mesmo financistas renomados, incluindo William C. Durant e membros da família Rockefeller, tentaram comprar ações para demonstrar confiança. Não funcionou. Havia muitos vendedores forçados e poucos compradores.


Após uma breve recuperação em 30 de outubro, o mercado continuou em queda. Em 13 de novembro de 1929, o Dow Jones havia caído para 198,60 e, em julho de 1932, atingiu seu ponto mais baixo em 41,22, uma queda de 89% em relação ao pico de setembro de 1929.


Qual foi realmente a dimensão da quebra da bolsa de valores de 1929?

Métrica Figura/Data
Dow atinge seu pico antes da queda 381,17 em 3 de setembro de 1929.
Lançamento da Black Monday −38,33 pts ( −12,82% ) em 28 de outubro de 1929.
Lançamento da Terça-feira Negra −30,57 pts ( −11,73% , frequentemente relatado como ~−12%) em 29 de outubro de 1929.
Perda de dois dias (segunda + terça) Total -23,05% para o Dow.
As ações foram negociadas na Terça-feira Negra. Aproximadamente 16,4 milhões.
Estimativa das perdas de riqueza na Terça-feira Negra Mais de 14 bilhões de dólares em um único dia.
Mínima provisória após o colapso (1929) 198,60 em 13 de novembro de 1929.
Depressão máxima baixa 41,22 em 8 de julho de 1932 (cerca de -89% em relação ao pico).
Hora de recuperar o pico de 1929 Dow finalmente recuperou seu pico de setembro de 1929 em novembro de 1954.


Para um investidor moderno, a principal lição é que o verdadeiro prejuízo não se limitou a um único dia. Foi a queda que se estendeu por vários anos e a espera de 25 anos para atingir novas máximas que tornaram 1929 um ano singular.


Por que a crise de 1929 aconteceu?

Não houve um único gatilho. A Terça-Feira Negra foi o ponto de ruptura de uma bolha construída ao longo dos anos.

1. Uma bolha construída sobre os loucos anos 20

A economia da década de 1920 parecia forte à primeira vista:

  • A produção industrial e o PIB real cresceram rapidamente, com uma média de aproximadamente 4,2% ao ano.

  • Os lucros corporativos dispararam e as taxas máximas de impostos foram reduzidas de 73% para 25%, ajudando a impulsionar o crescimento dos investimentos.


Mas abaixo disso:

  • A desigualdade de riqueza e renda atingiu níveis recordes. Muitas famílias ainda tinham baixos salários e dívidas elevadas, o que limitava a demanda real pelos bens produzidos pelas empresas.

  • Setores-chave como a agricultura já se encontravam em dificuldades, com a queda dos preços e grandes dívidas agrícolas.


Assim, embora os preços das ações tenham disparado, a economia real não era tão forte quanto o mercado sugeria.


2. Crédito fácil e especulação com margem

A quebra da cadeia também foi uma história de alavancagem:


  • No final da década de 1920, os investidores podiam comprar ações a crédito com uma entrada de apenas 10%, financiando efetivamente 90% do preço de compra.

  • Em agosto de 1929, as corretoras haviam emprestado mais de US$ 8,5 bilhões a compradores com margem, mais do que o total de moeda americana em circulação na época.


Significava:

  • Uma pequena queda de preço desencadeou chamadas de margem.

  • Os investidores, forçados a atender a essas pressões vendendo, fizeram com que os preços caíssem ainda mais.


Essa espiral transformou uma correção comum em um pânico generalizado.


3. Regulamentação frágil e bancos vulneráveis

O mercado de 1929 também operava sob regras que seriam chocantes hoje em dia:


  • Ainda não existia a Comissão de Valores Mobiliários (SEC); o uso de informações privilegiadas e a manipulação do mercado eram generalizados.

  • Muitos bancos investiram o dinheiro dos depositantes em ações ou emprestaram grandes quantias a corretoras. Quando os preços despencaram, tanto os investidores quanto os bancos sofreram grandes perdas.

  • O Federal Reserve estava dividido e lento para agir. Análises posteriores de historiadores do Fed apontam como erros de política monetária e a política monetária restritiva no final da década de 1920 contribuíram para enfraquecer o sistema antes da crise.


Em resumo, tínhamos um mercado altamente alavancado, uma supervisão fraca e um sistema bancário frágil, tudo isso em meio a uma economia em desaceleração. A crise foi o estopim que acendeu o fogo.


A Terça-Feira Negra causou a crise de 1929?

Great Depression

Não. A maioria dos historiadores e economistas considera a Terça-Feira Negra um fator desencadeante, e não a única causa, da Grande Depressão:


  • A Britannica observa que a crise "destruiu a confiança na economia americana", levando a cortes drásticos nos gastos e investimentos.

  • Estudos do Federal Reserve e do Fed de St. Louis mostram que, de 1929 a 1933, o PIB real dos EUA caiu cerca de 29%, o desemprego atingiu cerca de 25%, os preços caíram aproximadamente 25% e milhares de bancos faliram.


Portanto, o acidente foi importante porque:

  • Aniquilou o patrimônio familiar e empresarial.

  • Desencadeou pânicos bancários no início da década de 1930, o que reduziu os empréstimos e aprofundou a recessão.

  • Minou a confiança pública justamente quando a economia global já estava sob pressão.


Mas outros fatores, como os problemas da dívida global, erros na política comercial, como a tarifa Smoot-Hawley, e a rígida adesão ao padrão-ouro, também desempenharam papéis importantes na transformação de uma recessão severa em uma depressão que durou uma década.


Lições da Terça-Feira Negra para os mercados atuais

  1. A alavancagem amplifica tudo.

  2. As bolhas costumam crescer quando a economia real já está desacelerando.

  3. A regulamentação é importante, mas não pode eliminar os ciclos.

  4. A confiança é frágil.


Perguntas frequentes sobre a crise de 1929

1. O que exatamente aconteceu na Terça-feira Negra?

Na terça-feira, 29 de outubro de 1929, uma onda de vendas em pânico atingiu Wall Street. Aproximadamente 16,4 milhões de ações foram negociadas na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), o índice Dow Jones caiu quase 12% e bilhões em patrimônio em papel desapareceram.


2. No final, quanto o mercado de ações perdeu?

Do seu pico em 3 de setembro de 1929 ao seu mínimo em 8 de julho de 1932, o Dow Jones caiu de 381,17 para 41,22, uma queda de cerca de 89%. O índice só retornou ao seu pico de 1929 em novembro de 1954, mesmo antes do ajuste pela inflação.


3. Um colapso semelhante ao da Terça-Feira Negra poderia acontecer novamente?

Uma queda de 10 a 20% em um único dia ainda é possível. Observamos uma situação semelhante em 1987 e declínios acentuados em 2008 e 2020, mas mecanismos de interrupção de negociação, intervenções de bancos centrais e regulamentações mais rigorosas reduzem a probabilidade de uma queda plurianual de 89% em um mercado significativo, como a ocorrida em 1929.


Conclusão

Em suma, a Terça-Feira Negra tornou-se uma expressão que representa muito mais do que um único dia ruim em Wall Street. Foi o momento em que um longo período de prosperidade, alimentado por dívidas, finalmente chegou ao fim, revelando o quanto da prosperidade da década de 1920 se baseava em alavancagem, especulação e um sistema financeiro frágil.


A quebra da bolsa não criou todos os problemas da Grande Depressão, mas os expôs num instante brutal.


Para os investidores e operadores de mercado de hoje, a verdadeira lição não é que "1929 se repetirá exatamente", mas sim que as bolhas construídas com dinheiro emprestado, regulamentação fraca e excesso de confiança tendem a terminar da mesma maneira.


Aviso: Este material destina-se apenas a fins informativos gerais e não constitui (nem deve ser considerado como) aconselhamento financeiro, de investimento ou de qualquer outra natureza que deva ser levado em consideração. Nenhuma opinião expressa neste material constitui uma recomendação da EBC ou do autor de que qualquer investimento, título, transação ou estratégia de investimento em particular seja adequado para qualquer pessoa específica.