Publicado em: 2025-10-09
As commodities ocupam um espaço único nos mercados financeiros. São ativos tangíveis — petróleo, ouro, café, trigo e metais — que sustentam a produção e o consumo globais.
No entanto, seus preços muitas vezes se comportam como uma tempestade, oscilando bruscamente com cada mudança econômica, padrão climático ou conflito geopolítico.
O risco de investir em commodities reside nessa dualidade. As commodities podem ser uma proteção contra a inflação e a desvalorização cambial, mas também podem corroer o capital quando os mercados se tornam voláteis.
Entender e gerenciar riscos, em vez de evitá-los completamente, é essencial para investidores que buscam estabilidade em um mercado inerentemente instável.
Ao contrário de ações ou títulos, commodities não geram lucros ou juros. Seu valor depende inteiramente da variação dos preços, que é influenciada por inúmeras forças imprevisíveis.
Choques de oferta e demanda — por exemplo, uma seca que reduza a produtividade das colheitas ou um aumento no consumo de energia — podem fazer os preços dispararem ou despencarem.
Tensões geopolíticas , como sanções ou conflitos, muitas vezes interrompem os fluxos comerciais.
A negociação especulativa em mercados futuros pode aumentar a volatilidade de curto prazo.
Portanto, o risco no investimento em commodities não decorre apenas de fundamentos econômicos, mas também de fatores externos e comportamentais que são difíceis de prever.
O risco mais visível ao investir em uma commodity é o risco de mercado — a perda potencial devido a movimentos desfavoráveis de preços.
Por exemplo, os preços do petróleo bruto oscilaram de mais de US$ 140 por barril em 2008 para menos de US$ 30 em 2016, abalando até mesmo investidores experientes. O risco de mercado reflete a sensibilidade da commodity aos ciclos globais e aos fluxos especulativos.
Nem todas as commodities desfrutam de mercados ativos e profundos. Investidores com posições em produtos de nicho, como metais raros ou produtos agrícolas específicos, podem ter dificuldade para vender a valor justo quando a demanda diminui.
O risco de liquidez pode transformar um lucro fictício em uma perda realizada simplesmente porque não há compradores quando mais precisamos deles.
As políticas governamentais desempenham um papel crucial nos mercados de commodities. Proibições de exportação, tarifas ou subsídios podem distorcer os sinais naturais de preços. Por exemplo, quando um grande país produtor de grãos restringe as exportações, os preços globais podem disparar da noite para o dia.
Esse risco regulatório introduz imprevisibilidade mesmo para investimentos bem pesquisados.
Commodities físicas apresentam riscos operacionais frequentemente ausentes em ativos financeiros. Atrasos no transporte, custos de armazenamento, deterioração ou fraude em contratos podem impactar a lucratividade.
Para traders institucionais que lidam com grandes volumes, ineficiências operacionais podem rapidamente se transformar em perdas financeiras.
Como a maioria das commodities é precificada em dólares americanos, investidores de outras zonas monetárias enfrentam riscos cambiais. Uma moeda nacional mais forte pode reduzir os retornos mesmo que o preço da commodity suba em dólares.
Apesar da volatilidade, os investidores continuam a afluir aos mercados de commodities. Isso se deve, em grande parte, ao conceito de prêmio de risco — o retorno adicional esperado ao assumir uma incerteza maior.
No entanto, a psicologia do investidor frequentemente complica a tomada de decisões racionais. Vieses comportamentais, como mentalidade de manada e medo de perder (FOMO), podem levar à superexposição durante mercados em alta e vendas por pânico durante crises. Reconhecer essas armadilhas emocionais é parte essencial da gestão de risco em investimentos em commodities.
A diversificação continua sendo a pedra angular da gestão de riscos. Ao distribuir os investimentos entre energia, metais e commodities agrícolas — e misturá-los com ações ou títulos — os investidores podem amortecer a volatilidade da carteira.
Derivativos como futuros, opções e swaps permitem que os investidores protejam a exposição ao preço. Por exemplo, um fabricante pode fixar os custos de insumos por meio de contratos futuros, protegendo-se de picos de preços.
No entanto, os próprios derivativos exigem experiência; seu uso indevido pode introduzir novos riscos em vez de reduzir os existentes.
A análise fundamentalista concentra-se na dinâmica de oferta e demanda, dados econômicos e tendências macro. A análise técnica baseia-se em gráficos de preços, indicadores de momentum e padrões históricos. Uma abordagem equilibrada — combinando ambos — oferece uma perspectiva mais ampla sobre os fatores de risco.
Investidores modernos utilizam cada vez mais filtros Ambientais, Sociais e de Governança (ESG) para evitar ativos expostos a fontes insustentáveis ou politicamente instáveis. Isso ajuda a reduzir riscos geopolíticos e de reputação a longo prazo.
A crise do petróleo de 2008: a especulação excessiva e a desaceleração do crescimento global desencadearam uma das quedas mais acentuadas nos preços do petróleo. Isso ressaltou o perigo de ignorar os fundamentos do mercado.
A alta do ouro em 2020: em meio aos temores da pandemia, os investidores recorreram ao ouro como um porto seguro. Os preços dispararam, destacando como a incerteza e a percepção de risco impulsionam a demanda.
Interrupções agrícolas e risco climático: padrões climáticos imprevisíveis aumentaram a frequência de choques de oferta, lembrando aos investidores que o risco climático agora é fundamental para a avaliação de commodities.
A década de 2020 trouxe uma nova geração de riscos para o investimento em commodities:
Risco de transição climática: o impulso global rumo a emissões líquidas zero está remodelando os mercados de energia. Os ativos de combustíveis fósseis enfrentam queda na demanda e turbulências políticas.
Volatilidade impulsionada por IA: a negociação algorítmica pode amplificar as oscilações do mercado, criando breves períodos de extrema volatilidade.
Fragmentação da cadeia de suprimentos: o realinhamento político e o protecionismo comercial aumentaram a incerteza no fornecimento e na logística.
Cada um desses fatores torna o mercado moderno de commodities mais complexo — e a gestão de riscos mais crítica do que nunca.
Investidores profissionais medem o desempenho ajustado ao risco usando métricas como o índice de Sharpe e a exposição beta. Essas ferramentas avaliam se os retornos compensam adequadamente os riscos assumidos.
Os investidores de varejo também podem aplicar versões simplificadas desses princípios:
Avaliando quanta volatilidade eles podem tolerar.
Definir níveis claros de stop-loss.
Manter uma estratégia de alocação disciplinada.
O segredo não é eliminar o risco, mas alinhá-lo com metas financeiras e horizontes de tempo individuais.
O risco ao investir em uma commodity não é uma falha — é uma característica definidora. Ele reflete a natureza viva e dinâmica da oferta e da demanda globais. Os investidores mais bem-sucedidos não são aqueles que evitam riscos, mas aqueles que os compreendem, os mensuram e se adaptam a eles.
Com estratégia informada, diversificação e paciência, as commodities podem oferecer um lugar significativo em um portfólio equilibrado. O objetivo não é domar a volatilidade do mercado, mas sim controlá-la com discernimento e disciplina.
Tipo de Mercadoria | Fatores de Risco Primários | Volatilidade Típica | Ferramentas Comuns de Hedge |
Energia (Petróleo, Gás) | Tensão geopolítica, mudanças políticas | Alto | Futuros, ETFs |
Metais preciosos | Risco cambial, sentimento do investidor | Médio | Opções, CFDs |
Agrícola | Clima, transporte, deterioração | Alto | Futuros, seguro de safra |
Metais Industriais | Ciclos econômicos, demanda da indústria | Médio | ETFs, futuros |
Aviso Legal: Este material destina-se apenas a fins informativos gerais e não se destina a ser (e não deve ser considerado como tal) aconselhamento financeiro, de investimento ou de qualquer outra natureza em que se deva confiar. Nenhuma opinião expressa neste material constitui uma recomendação da EBC ou do autor de que qualquer investimento, título, transação ou estratégia de investimento em particular seja adequado para qualquer pessoa específica.