Publicado em: 2025-12-08
Os mercados financeiros estão testemunhando um aumento sem precedentes nos ETFs de ouro físico, elevando os ativos sob gestão (AUM) globais e as participações coletivas a níveis históricos. Os fundos globais registraram seis meses consecutivos de entradas líquidas, uma onda poderosa que culminou em um pico recorde no final de novembro de 2025.
Esse desempenho excepcional é impulsionado principalmente por uma região dominante: a Ásia. Os investidores estão cada vez mais direcionando capital para fundos lastreados em ouro, utilizando-os como ativos de refúgio seguros em meio à persistente incerteza econômica global e à volatilidade geopolítica. Esse boom global dos ETFs de ouro sinaliza uma mudança fundamental na alocação de ativos, validando o papel do ouro como uma proteção crucial para portfólios.
| Período / Métrica | Dados principais (2025) / Notas |
|---|---|
| Entradas de capital no primeiro semestre de 2025 | US$ 38 bilhões — o maior fluxo semestral desde 2020. As reservas de ouro aumentaram em 397,1 toneladas métricas. |
| Entradas de capital no terceiro trimestre de 2025 | US$ 26 bilhões — o maior fluxo trimestral já registrado para ETFs de ouro. |
| Patrimônio sob gestão (AUM) no final do 3º trimestre de 2025 | US$ 472 bilhões, um aumento de aproximadamente 23% em relação ao trimestre anterior. |
| Entrada de novembro de 2025 | US$ 5,2 bilhões — marcando o sexto mês consecutivo de entradas líquidas. |
| AUM/Participações em novembro de 2025 | Os ativos sob gestão atingiram US$ 530 bilhões; as reservas subiram para 3.932 toneladas — o nível mais alto já registrado no final do mês. |
Os dados mais recentes do Conselho Mundial do Ouro confirmam a escala notável dessa expansão de mercado. Em novembro de 2025, o patrimônio líquido global de ETFs de ouro lastreados fisicamente atingiu a impressionante marca de US$ 530 bilhões, marcando mais um pico de fim de mês. Essa sequência de entradas, juntamente com o forte desempenho do preço do ouro, também fez com que as reservas coletivas de ouro subissem para 3,932 toneladas — o maior valor de fim de mês já registrado.
Somente em novembro, os fundos globais captaram US$ 5,2 bilhões em entradas. Embora os fundos norte-americanos e europeus tenham contribuído para o sentimento positivo, foi o apetite explosivo dos mercados orientais que atuou como o principal motor desse crescimento, ressaltando a crescente influência da Ásia no cenário global de investimentos em ouro.

A Ásia assumiu de forma incontestável a liderança do mercado global de investimentos em ouro, impulsionando mais de 60% dos fluxos de entrada em novembro. A região atraiu US$ 3,2 bilhões, estendendo sua sequência de fluxos positivos para três meses consecutivos. Diversos fatores regionais e globais convergentes estão levando os investidores asiáticos a investir capital em ETFs de ouro:
A China dominou os fluxos de investimento da região, contribuindo com US$ 2,2 bilhões. Os investidores locais, diante da persistente fragilidade do mercado acionário e buscando proteção contra a desaceleração da economia doméstica, têm recorrido cada vez mais a fundos de ouro.
As tensões geopolíticas e a desvalorização das moedas locais em relação ao dólar americano aumentaram a demanda por ouro como reserva de valor. Além disso, acredita-se que mudanças regulatórias, como a recente reforma do IVA na China, tenham incentivado alguns investidores em joias a migrarem para os ETFs de ouro, considerados mais eficientes.
Os ETFs de ouro indianos têm apresentado fluxos de entrada consistentes, marcando o sexto mês consecutivo de compras. Esse interesse contínuo é sustentado pela dinâmica favorável da moeda local e pelo sentimento otimista generalizado em relação ao metal precioso.

Um fator estrutural mais amplo que sustenta o preço do ouro como um todo e, consequentemente, o patrimônio sob gestão (AUM) do ETF de ouro, é o nível sem precedentes de compras pelo setor público. Os bancos centrais, especialmente os de economias emergentes, estão acumulando ouro em ritmo próximo ao recorde — comprando mais de 1.000 toneladas anualmente desde 2022. Essa acumulação sistemática é impulsionada por:
Na sequência de eventos geopolíticos e congelamentos de ativos, muitas nações estão reduzindo ativamente sua dependência do dólar americano como principal ativo de reserva, buscando a neutralidade e a segurança do ouro.
Ao contrário dos investidores sensíveis ao preço, os bancos centrais compram ouro independentemente da volatilidade de curto prazo. Esse compromisso institucional cria um piso de demanda estrutural que restringe significativamente a oferta física de ouro, reforçando a trajetória ascendente de longo prazo para o metal e incentivando uma participação mais ampla nos ETFs de ouro.

A alta é uma resposta direta às crescentes preocupações com a arquitetura financeira global e as tradicionais estratégias de proteção de portfólio.
Com a dívida pública global ultrapassando os 38 trilhões de dólares, a confiabilidade dos títulos soberanos como porto seguro está sendo questionada. Essa erosão da confiança nas moedas fiduciárias está impulsionando investidores institucionais e individuais em direção ao ouro, que não apresenta risco de contraparte.
A expectativa de um ciclo agressivo de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve dos EUA nos próximos trimestres reduzirá as taxas de juros reais. Como o ouro é um ativo que não gera rendimento, seu custo de oportunidade diminui à medida que as taxas caem, tornando-o significativamente mais atraente em relação a ativos denominados em dólares.
A natureza não correlacionada do ouro é mais valiosa do que nunca. Quando a relação inversa tradicional entre ações e títulos se desfaz (ou seja, quando ambos caem simultaneamente), o ouro se destaca como um dos poucos ativos capazes de proporcionar verdadeira diversificação e estabilidade à carteira.
Os ETFs (Exchange-Traded Funds) de ouro são fundos de investimento que detêm ouro físico em barras. Eles estão em alta porque oferecem aos investidores uma forma líquida e de baixo custo de obter exposição aos preços do ouro, atuando como uma proteção crucial contra a inflação e a volatilidade do mercado.
Atualmente, a Ásia lidera os fluxos de investimento, impulsionada principalmente pela China, Japão e Índia. Os investidores asiáticos estão utilizando ETFs de ouro para se protegerem da fraqueza do mercado acionário regional, capitalizarem sobre os altos preços locais do ouro e se protegerem contra a persistente incerteza econômica e geopolítica.
O preço do ouro impacta diretamente os ativos sob gestão (AUM). A alta do preço do ouro aumenta o valor em dólares do ouro físico mantido pelos fundos. Aliado a grandes aportes de investidores, esse efeito cumulativo é o que impulsiona os ativos sob gestão a níveis recordes.
O ouro é considerado um ativo de refúgio seguro porque seu preço tende a manter-se estável ou a subir durante períodos de turbulência econômica ou política, ao contrário de ações ou títulos. Os investidores utilizam sua estabilidade para proteger seu poder de compra contra a desvalorização da moeda e choques de mercado.
O impulso observado em novembro de 2025 não é apenas um pico cíclico, mas uma mudança estrutural na forma como os investidores, particularmente na Ásia, enxergam a resiliência de seus portfólios. A convergência de risco geopolítico, incerteza econômica e os consequentes fluxos maciços de capital consolidam os ETFs de ouro como um veículo de investimento primordial. Esse boom global sustentado dos ETFs de ouro confirma que o metal precioso permanece indispensável em um mundo financeiro cada vez mais complexo.
Aviso: Este material destina-se apenas a fins informativos gerais e não constitui (nem deve ser considerado como) aconselhamento financeiro, de investimento ou de qualquer outra natureza que deva ser levado em consideração. Nenhuma opinião expressa neste material constitui uma recomendação da EBC ou do autor de que qualquer investimento, título, transação ou estratégia de investimento em particular seja adequado para qualquer pessoa específica.