Resumo:
O crescimento econômico da Austrália desacelera, com os preços ao consumidor em maio atingindo a menor taxa em três anos e meio e as expectativas de corte de juros aumentando.
Os preços ao consumidor australiano desaceleraram mais do que o esperado em maio, com o indicador básico atingindo as mínimas em três anos e meio. Os swaps agora implicam uma probabilidade de 92% de que o RBA corte as taxas em 8 de julho.
A economia cresceu pouco no primeiro trimestre, com os consumidores teimosamente frugais, embora o mercado de trabalho tenha permanecido estável. O banco central cortou as taxas de juros duas vezes desde fevereiro para estimular o crescimento.
O dólar australiano valorizou-se cerca de 5% em 2025, revertendo a desvalorização do ano anterior. Registrou a maior perda anual desde 2018, com a iminente implementação do MAGA 2.0 assustando os investidores.
A moeda vem sofrendo com a queda há três anos consecutivos, em parte devido ao pico do mercado imobiliário chinês. O minério de ferro, matéria-prima usada na produção de aço, viu seu superciclo terminar com um gemido.
As dores parecem estar se prolongando. Devido ao enfraquecimento da demanda sazonal e às expectativas de cortes de produção pelas siderúrgicas chinesas, a commodity está se aproximando dos níveis mais baixos desde setembro.
O Citigroup reduziu a previsão de preço para três meses de US$ 100 por tonelada para US$ 90 e reduziu a meta de 6 a 12 meses de US$ 90 por tonelada para US$ 85. Isso significa que a tendência de baixa provavelmente persistirá.
Por outro lado, as exportações de carne bovina alimentada com grãos para a China aumentaram mais de 40% no acumulado do ano. A crescente classe média e a renda crescente estão tornando a carne bovina uma fonte de proteína mais popular para a grande população.
Resiliência da Ásia
A economia da Índia deve crescer 6,5% no atual ano fiscal, impulsionada pela forte demanda interna e potencial flexibilização monetária, de acordo com um relatório da S&P Global Ratings.
A queda da inflação dos alimentos, que desacelerou em maio para o nível visto pela última vez em outubro de 2021, contribuiu para a tentativa de desinflação no país, dando aos formuladores de políticas mais margem de manobra para serem mais moderados.
O relatório também observou que muitas economias da região Ásia-Pacífico iniciaram 2025 com forte demanda interna. Diversas economias se beneficiaram temporariamente da antecipação das exportações para os EUA, antes das mudanças tarifárias.
A agência projeta um crescimento do PIB de 4,3% para a China em 2025. Embora fique abaixo da meta oficial, o relatório os descreveu como "resultados sólidos", dados os atuais desafios externos.
A Nomura elevou a projeção de crescimento anual da segunda maior economia do mundo para 3,7%, ao mesmo tempo em que prevê um golpe duplo devido à prolongada crise imobiliária e à possibilidade de aumento das tensões comerciais.
O cenário geral positivo agrada à Austrália, cujas exportações dependem cada vez mais da região após as tarifas abrangentes de Trump. É um dos muitos países que mantêm negociações comerciais com Washington.
A Austrália e a UE retomaram as negociações para um acordo de livre comércio abrangente neste mês. O principal obstáculo é que alguns grandes produtores de carne da UE têm reservas quanto à abertura dos mercados.
Bônus demográfico restrito
A população da Austrália cresceu 1,7% no ano passado, chegando a 27,4 milhões de pessoas, ficando atrás apenas do Canadá entre os países ricos, o que resultará em mais gastos, mais moradia e mais demanda por infraestrutura.
Apesar disso, a produtividade do trabalho — que é o principal determinante dos padrões de vida a longo prazo — praticamente estagnou desde 2016. De acordo com a McKinsey, pouquíssimos membros da OCDE tiveram um desempenho pior.
A falta de crescimento da produtividade significa que, em um dia bom, o máximo que a Austrália pode esperar é crescer 2% ao ano, de acordo com o economista-chefe do HSBC, Paul Bloxham. A taxa é presumivelmente menor que a dos EUA.
Alguns argumentaram que a obsessão imobiliária do país desviou capital da economia produtiva. Os australianos estão se afogando em dívidas, contraindo hipotecas cada vez maiores para pagar preços de imóveis cada vez mais altos.
Antigamente invejada pelo mundo desenvolvido, a economia está crescendo em seu ritmo mais lento desde o início da década de 1990, excluindo a pandemia da COVID-19, e ficando atrás de muitos de seus pares, em grande parte devido ao baixo consumo.
Uma pesquisa do Westpac mostrou que os consumidores estavam presos em um padrão de pessimismo cauteloso em junho. A economista sênior do Commonwealth Bank, Belinda Allen, disse que podem ser necessários vários cortes nas taxas para que o sentimento melhore.
Mesmo as exportações podem ser afetadas apenas moderadamente por tarifas e um mercado de minério de ferro contido, investimentos e gastos familiares abaixo do esperado indicam um potencial de valorização limitado para o dólar australiano no restante do ano.
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