Como os preços do petróleo bruto mudaram ao longo de 150 anos

2025-07-04
Resumo:

Explore os principais ciclos e choques que moldaram os preços do petróleo bruto da década de 1860 a 2025, desde a volatilidade inicial até as perturbações globais modernas.

O petróleo bruto é, há muito tempo, uma das commodities mais estrategicamente significativas e economicamente influentes do mundo. Seu histórico de preços conta uma história envolvente — de guerra e paz, altos e baixos, inovação tecnológica e jogos de poder geopolítico. Desde os primórdios das lâmpadas de querosene até os painéis digitais dos negociadores de commodities do século XXI, o petróleo tem estado no centro do progresso industrial e da volatilidade do mercado.


Neste artigo, examinamos a história dos preços do petróleo bruto, desde meados do século XIX até os dias atuais, através das lentes dos principais ciclos históricos e eventos do mercado global.


Padrões de preços iniciais (1860–1940)

Crude Oil Price over the Last Five Decades A indústria petrolífera moderna teve início em 1859 com a perfuração do primeiro poço comercial de petróleo na Pensilvânia, EUA. Durante esse período, o petróleo era usado principalmente para iluminação, antes da disseminação da eletricidade. Os preços eram instáveis, refletindo a falta de infraestrutura, a produção especulativa e a ausência de qualquer controle centralizado sobre o fornecimento.


No final do século XIX e início do século XX, os preços do petróleo flutuavam com frequência, mas permaneciam relativamente baixos, frequentemente oscilando em torno de US$ 1 a US$ 2 por barril em termos nominais. Contudo, o mercado permaneceu altamente regionalizado, e os preços foram influenciados por novas descobertas, como as do Texas e do Oriente Médio, e pela crescente demanda das indústrias e do transporte, especialmente durante a Primeira Guerra Mundial.


A Grande Depressão da década de 1930 viu uma queda acentuada na atividade industrial, o que levou a uma queda prolongada nos preços do petróleo. Governos e empresas começaram a intervir mais diretamente na produção de petróleo, especialmente nos Estados Unidos, onde a Comissão Ferroviária do Texas desempenhou um papel significativo na regulação do fornecimento.


Os choques do petróleo da década de 1970

Crude Oil Price

A década de 1970 marcou uma mudança radical no mercado de petróleo. Pela primeira vez, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) emergiu como uma força dominante capaz de controlar a produção e, consequentemente, influenciar os preços globais.


  • Primeiro Choque do Petróleo (1973–74)

Em 1973, após a Guerra do Yom Kippur, os países da OPEP impuseram um embargo de petróleo aos países ocidentais em resposta ao apoio a Israel. Isso quadruplicou os preços — de cerca de US$ 3 para quase US$ 12 por barril — e desencadeou uma crise econômica generalizada, especialmente na Europa e nos Estados Unidos.


  • Segundo Choque do Petróleo (1979–80)

A Revolução Iraniana de 1979 e a subsequente Guerra Irã-Iraque (1980) provocaram outra grande interrupção no fornecimento. Os preços dispararam novamente, atingindo mais de US$ 35 por barril em termos nominais — mais de US$ 100 em dólares de 2024, ajustados pela inflação.


Esses choques do petróleo expuseram a vulnerabilidade das economias ocidentais às restrições de oferta e inauguraram uma era de estagflação, custos de energia mais altos e pressão inflacionária.


O excesso de petróleo dos anos 1980


Após o caos da década de 1970, o mercado global de petróleo entrou em uma fase de estabilização e excesso de oferta. Os altos preços da década anterior incentivaram o investimento em exploração, melhorias de eficiência e fontes alternativas de energia. Além disso, novos produtores — particularmente no Mar do Norte, México e Alasca — entraram em cena, aumentando a oferta de países não pertencentes à OPEP.


Em meados da década de 1980, o mercado experimentou um excesso de oferta de petróleo. As tentativas da OPEP de restringir a produção para sustentar os preços foram prejudicadas pela superprodução, tanto dentro quanto fora do cartel.


Em 1986, os preços despencaram, caindo de US$ 27 para cerca de US$ 10 por barril em poucos meses. Esse período de petróleo barato continuou na década de 1990, com os preços raramente ultrapassando a faixa de US$ 20 a US$ 25 por barril. Embora benéfico para os países importadores de petróleo, isso sobrecarregou os orçamentos de muitos produtores da OPEP e sinalizou um declínio na influência do cartel.


A onda dos anos 2000 e a crise de 2008


O início do século XXI viu o surgimento de novos impulsionadores de demanda, principalmente a China e a Índia, cuja rápida industrialização colocou imensa pressão sobre o fornecimento global de energia.


  • Aumento de preços (2003–2008)

A partir do início dos anos 2000, os preços começaram a subir de forma sustentada, impulsionados pelo forte crescimento econômico, pela restrição da oferta e pelas tensões geopolíticas no Oriente Médio, incluindo a Guerra do Iraque. Em julho de 2008, o petróleo bruto atingiu a máxima recorde de US$ 147 por barril, refletindo os temores de um pico de preços e a capacidade de refino limitada.


  • Crise financeira e colapso

Essa ascensão meteórica foi rapidamente seguida por um colapso sem precedentes. A crise financeira global do final de 2008 desencadeou um choque de demanda, e os preços despencaram para cerca de US$ 30 por barril no final do ano. A gravidade dessa queda evidenciou a forte ligação dos preços do petróleo aos mercados financeiros globais, aos fluxos especulativos e ao sentimento econômico geral.


Volatilidade recente (décadas de 2010 a 2020)


Os últimos 15 anos foram dos mais turbulentos na história dos preços do petróleo, caracterizados tanto por mudanças estruturais na produção quanto por grandes eventos globais.


  • O boom do xisto

A partir de 2010, a revolução do xisto nos EUA remodelou drasticamente o cenário de oferta. Inovações em fraturamento hidráulico (fracking) e perfuração horizontal permitiram que os produtores americanos aumentassem a produção, tornando os EUA o maior produtor mundial de petróleo.


Isso contribuiu para outro colapso de preços entre 2014 e 2016, quando o petróleo Brent caiu de mais de US$ 110 para menos de US$ 30 por barril. A OPEP, inicialmente relutante em cortar a produção, acabou formando uma aliança com a Rússia e outros produtores (OPEP+) para gerenciar a oferta.


  • COVID-19 e Preços Negativos

Em abril de 2020, no auge da pandemia de COVID-19, a demanda global por petróleo despencou, com os lockdowns paralisando o transporte e a indústria. A situação atingiu um clímax extraordinário quando os contratos futuros do petróleo bruto WTI ficaram negativos pela primeira vez na história — sendo negociados brevemente a –US$ 37 por barril, devido a um gargalo no armazenamento e ao vencimento de contratos.


  • Recuperação pós-COVID e risco geopolítico

Com a reabertura das economias em 2021-22, a demanda se recuperou acentuadamente, superando os ajustes de oferta. Ao mesmo tempo, a guerra entre Rússia e Ucrânia em 2022 reacendeu os temores sobre a oferta e impôs sanções às exportações russas. Os preços ultrapassaram US$ 120 por barril, mas posteriormente se estabilizaram em meio às incertezas econômicas globais e ao aumento das taxas de juros.


Olhando para 2025, os mercados de petróleo permanecem voláteis, influenciados pela transição energética, realinhamentos geopolíticos e mudanças na demanda de economias emergentes. A estabilidade de preços continua a iludir uma commodity que se situa na encruzilhada da política, da indústria e do comércio global.


Conclusão


A história dos preços do petróleo bruto é uma crônica de altos e baixos, de transformação global e tensão política. Desde os primeiros poços na Pensilvânia até as plataformas de negociação digital atuais, o petróleo tem sido a força vital do desenvolvimento industrial e um barômetro do risco global.


Compreender a história do preço do petróleo não é apenas uma lição de economia — é uma janela para as disputas de poder, as inovações e as ansiedades coletivas de cada era. À medida que o mundo avança em direção à descarbonização e à diversificação energética, o papel do petróleo pode mudar — mas sua importância e seu preço permanecerão profundamente influentes nos próximos anos.


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